Nuno Morais Sarmento, na entrevista à revista “Única” (apesar de ser uma entrevista “de vida”), revela ser uma das pessoas que pode levar o PSD a bom porto. Não que disso eu tivesse dúvidas. Ainda antes de ser ministro, demonstrava qualidades para fazer parte de um núcleo de figuras de topo no PSD.
Essas capacidades ficaram vincadas bem cedo no tempo da sua militância na JSD em que “a minha luta era que a JSD não devia ser uma antecâmara de políticos profissionais”. Não posso concordar mais com esta teoria. Pena que muitas vezes, seja mesmo só uma teoria. Eu aliás, acrescento: hoje em dia as associações de estudantes das universidades e escolas são as antecâmaras para as juventudes partidárias, e daí para a política profissional.
Quando questionado sobre os momentos “certos” em que sai e entra do partido, NMS refere: “Se calhar é porque consegui – e isto só se consegue não sendo profissional da política – ter a distância suficiente para ver mais claro”. Nem mais. Na política, os que são profissionais, não só se “queimam” com facilidade, como não têm o discernimento para pensar no que NMS aqui disse. E por isso acusam políticos não profissionais, como ele, de calculismo e oportunismo.
No meio de tanta coisa bem dita, e dita com frontalidade, existe apenas uma resposta na qual penso que NMS não quis ser mais contundente. Perguntaram-lhe se “sabe como algumas pessoas, que passaram pela política, enriqueceram tão depressa”. A resposta é lógica, verdadeira, mas incompleta, a meu ver. Claro que quem passa pelo governo, “ganha contactos e conhecimentos que depois, de uma forma não necessariamente ilegítima, conseguem dinamizar negócios”. Concordo, mas acrescento: claro que também há muitos, que se aproveitaram dos cargos para fazer favores que são pagos posteriormente. E essa é uma das grandes causas da corrupção em Portugal.
Quanto à dúvida que se levantou sobre NMS ter dito que poderia ser candidato a líder do PSD, essa dúvida desfaz-se quando diz: “No meu actual programa de vida não está lutar para ser PM”. Aliás, penso que se vê noutras palavras que está de corpo e alma com Manuela Ferreira Leite: “é absolutamente essencial guardar capacidade de começar de novo”. Ou seja, para se mudar não é necessário ser-se novo (seja na função, seja na idade), basta ter espírito e capacidade de mudança. E NMS diz mais “recomeçar é acrescentar”. Ou seja, MFL poderá acrescentar, a partir de 2009, à obra que iniciou quando foi Ministra das Finanças de Durão Barroso.
NMS, é um homem de valor, que merece o respeito de todos. Foi um menino mal comportado (como a maioria) e um jovem rebelde (como todos nós). Soube tirar as ilações correctas de tudo o que experienciou, e tornou-se num bom homem. Excelente profissional e político de referência. Desempenhou com sentido de missão e grande responsabilidade, o cargo de Ministro numa altura de crise, e fez boa figura. Com o know-how adquirido, será sem dúvida uma grande ajuda no caminho que o PSD terá de fazer a partir de 2009, no Governo. NMS não deve mudar...
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