16 setembro 2009

E Sócrates é anti-italiano e anti-nortenho?

Estou farto de ouvir socialistas e outros dizerem que Manuela Ferreira Leite tem um preconceito anti-espanhol por ter dito o que disse no frente-a-frente, sobre o TGV.

Esses senhores que dizem essas barbaridade são estúpidos e querem fazer de nós estúpidos. Então dizer que não será PM para defender os interesses dos espanhóis é ser anti-espanhol?

Aliás, se MFL fosse anti-espanhol não teria aceite trabalhar no Banco Santander durante vários anos. Alguém quer maior prova de que ela não tem problema nenhum com espanhóis? Simplesmente não vamos enterrar mais o país com o TGV, simplesmente porque também faz jeito a nuestros hermanos.

Ou será que esses senhores estúpidos também acham que José Sócrates é anti-italiano por ter dito que vendeu parte da GALP a Amorim e Eduardo dos Santos "para não deixar cair a GALP em mãos italianas"?

Ou até poder-se-á dizer que Sócrates é anti-nortenho por não permitir que a Sonae tome conta de empresas como a PT ou como a ZON?

5 comentários:

Mário André disse...

vocês andam mesmo convencidos que a Manela vai parar o projecto do TGV? ela só o vai suspender por uns mesinhos, só está a aproveitar agora o tema para as eleições...

Luis Melo disse...

Caro Mário André,

Quem são "vocês"? Que eu saiba este blog só tem um autor. Esse tipo de generalização menor é típico...

Ninguém aqui falou em suspender, cancelar, avançar ou qq outra coisa. Perguntei se Sócrates é anti-italiano ou anti-nortenho. Tomando como padrão o facto de "vocês" dizerem que MFL é anti-espanhol.

Mário André disse...

Caro Luís,

Peço desculpa, mas ao ver o logótipo da campanha do PSD, julguei tratar-se de um blogue colectivo (como outros) Incúria minha, pois está bem explícito, e como tal apresento desculpas pelo "vocês."

Voltando ao tema, queria comentar sobre os argumentos do TGV, e não sobre o anti-isto e anti-aquilo que esta campanha se está a transformar.

A minha análise é que Manuela, da forma como lançou o tema do TGV no debate contra Sócrates, foi intencionalmente para reavivar um fantasma, esse sim "anti-espanhol" na garantia de amealhar mais uns votos à direita. Acredito sinceramente que a Manuela não é anti-espanhola, mas lá que o tom e a retórica se colam ao discurso nacionalista, lá isso colam.

A questão principal é que não acredito que a Manuela vá suspender o TGV durante mais de 6 meses, e que todo este furor é apenas com o objectivo eleitoralista de lançar a opinião pública contra Sócrates, colando-lhe o rótulo de gastador irreflectido sem apelar aos interesses nacionais, e apelando às "virtudes" de austeridade e poupança que supostamente representa.
Toda e qualquer discussão acerca do Anti-isto ou anti-aquilo só vai render mais votos à Manuela, e vamos continuar sem saber de que forma é que aqueles "Vamos analisar" "Vamos ponderar sobre" que recheiam o programa do PSD se vão traduzir em medidas específicas.
Eu preferiria muito mais que se sugerisse um futuro para o país, e se debatesse uma ideia de país, do que estar a pensar na próxima legislatura como apenas um período de gestão económica controlada.

Dispare!
Cumprimentos

Luis Melo disse...

Caro Mário André,

Desculpas aceites. Mais atenção para a próxima.

Sobre o tema do TGV já escrevi vários posts neste blogue. Pode vê-los acedendo à etiqueta TGV. Veja aqui na barra da direita.

MFL não quis reavivar nenhum fantasma "anti-espanhol". A meu ver simplesmente quis denunciar uma das razões pelas quais Sócrates quer tanto o TGV. Obviamente que a senhora não é anti-espanhol.

Se não acredita que MFL vai suspender o projecto na próxima legislatura, está no seu direito. Eu acho é que MFL é conhecida por tudo menos por fazer política em função do voto (como você diz).

Tinhamos em 2000 um endividamento que era 48% do PIB. Em 2008 ele foi 97% do PIB. Acha mesmo que nos podemos continuar a endividar em milhares de milhões para fazer TGVs?

A fazer algo nesse campo, eu apostaria no Alfa Pendular (veja a minha opinião aqui.

Mário André disse...

Caro Luís,

A Drª Manuela, ao estar a dizer a frase "Portugal não é uma província espanhola", está a reavivar esse fantasma, intencionalmente ou não. Agora se a utilização da expressão e do tom é totalmente irreflectida ou intencional, deixo à sua análise. Mas parece-me sinceramente que ela se preparou bem para o debate, e sabia bem o que ia dizer.

Não, eu acredito que o vai suspender, mas estou certo que não será por mais de 6 meses ou assim.
Basta ler o programa do PSD, e eu li-o, para perceber que aquilo que se defende é "suspender" para "reavaliar."

E isto não quer dizer que a Drª Manuela não quer o TGV, quer sim dizer apenas que não confia no Sócrates para avaliar a situação.

Ou seja, mais uma vez, não propõe nada, propõe só que ela é a melhor para avaliar. É legítimo, mas fraco.

Em relação a dizer coisas em função do voto, lembro-lhe só uma: "O desemprego em Portugal não está em nada relacionado com a crise internacional, é tudo culpa do Governo de Sócrates"
Analisando os dados de desemprego, crescimento económico e défice do estado, podemos claramente ver que até ao despontar da crise o mandato foi muito positivo. A drª Manuela fala de índices que denunciavam a crise portuguesa antes da crise internacional. Só ainda não disse quais, nem nunca encontrei referencia aos ditos.
E não foi por incúria.

Em relação ao endividamento externo, sabe como se combate? Equilibrando a balança económica e aumentando as exportações.
Manuela Ferreira Leite criticou sócrates por dar precisamente primazia às PME's exportadoras nos apoios concedidos pelo Estado.
Que acha a Drª Ferreira Leite do resto dos incentivos dados por este governo no campo da progressiva independência energética (sabe o peso da importação de energia no endividamento externo?), e sobre o investimento nas novas tecnologias sustentáveis como ponto essencial das exportações?
Não se sabe, nem se antevê no programa do PSD nenhuma preocupação específica ou estratégica nesta área. Fala-se em criar condições para exportação, e balançar a economia. Como? em que áreas se investe? Eu acho que a Srª sabe muito bem onde irá investir, mas não o diz. E isto é problemático.

Em relação ao TGV, ou pendular, o que acho mais mal explicado nisto tudo é a paragem ou não em Lisboa, fazer o desvio pelo novo aeroporto ou não, esse tipo de assuntos que deveriam ser bem claro antes de tomar qualquer decisão. É óbvio que suspendendo o novo aeroporto, o avanço do TGV é questionado. Mas também me parece óbvio que a Portela é uma bomba relógio à espera que um erro num avião faça estragos irreparáveis.

Em relação aos pendulares de que fala no outro artigo, a diferença para o que se propõe para portugal é mínima em termos técnicos. No fundo, o que se propõe é a construção de um novo canal ferroviário, já que o desenho do actual canal ferroviário na linha do Norte não permite atingir certo tipo de velocidades. Os comboios até poderão ser os mesmo que fazem o pendular. Quer comparar o desenho das actuais linhas portuguesas com as de outros países?

Cumprimentos