22 abril 2009

Outra vez a escolaridade obrigatória

Este incompetente governo insiste na implementação da escolaridade obrigatória até ao 12º ano. Eu, a este respeito, repito o que já tinha escrito em 18 Setembro 2008:

A escolaridade obrigatória até ao 12º ano, é uma questão falada desde há uns anos a esta parte. Falada da esquerda á direita, é uma questão que gera consenso. Todos os partidos vêem com bons olhos a introdução desta medida. Medida que já estava na lei de bases aprovada pelo PSD em 2004 (e vetada por Jorge Sampaio) e num projecto de alteração à lei de bases de 2005 apresentada pelo PSD (e rejeitada pela Ministra).

Após alguma insistência do PSD, a Ministra já dizia que “sim”, mas nada fazia. Depois da intervenção do PR, a Ministra mudou novamente de opinião, dizendo agora que “talvez” seja possível fazê-lo. Mais uma vez, as acções não aparecem, nem sequer um sinal de que possam vir a acontecer. De notar que esta era uma das “bandeiras” do PS no seu programa de governo.

Mas, é necessário reflectir um pouco sobre esta questão. Qual é afinal o objectivo de colocar a escolaridade obrigatória até ao 12º ano? Sem dúvida, será o de elevar os níveis de educação, conhecimento ou capacidade dos nossos jovens. Sendo assim, o simples alargamento da escolaridade obrigatória será suficiente?

Se a prática for equivalente à utilizada até agora, definitivamente NÃO!! A passagem “administrativa” de alunos até à escolaridade mínima obrigatória, para que os Governos possam ter números que agradem aos olhos da população, continuará a minar a nossa educação, seja ela obrigatória até ao 9º ou até ao 12º.

É necessário por isso voltar a colocar os patamares de exigência. É necessário voltar a dar condições aos professores. É necessário remodelar e actualizar escolas. É necessário passar á sociedade uma nova cultura de mérito. É necessário também combater o insucesso escolar com várias medidas. É necessário mudar o sistema de ensino facilitista, não só no secundário mas desde o 1º ciclo…

6 comentários:

psiubest disse...

Caro Melo, apesar de concordar contigo no geral, estás a partir do pressuposto que nada disso irá acontecer e que vai imperar a cultura do facilitismo.

É um risco é verdade, mas acho que estás a ser demasiado obsecado com o teu partido para conseguires ver para além daquilo que pode correr mal.

Acho que devias tentar colocar-te mais do lado da solução e não do lado do problema, isto é o básico da oposição politica.

Luis Melo disse...

Caro psiubest,

"A passagem “administrativa” de alunos até à escolaridade mínima obrigatória, para que os Governos possam ter números que agradem aos olhos da população, continuará a minar a nossa educação, seja ela obrigatória até ao 9º ou até ao 12º." Este é o problema. E é da responsabilidade de quem? dos governos. Sejam eles do PS ou PSD (eu não vejo a política como o futebol).

Assim sendo, não sou eu que estou do lado do problema...

Abraço

psiubest disse...

Mas Melo,

Essa citação é feita por quem? É que eu, e a população em geral desconhece a origem de tal situação!

Luis Melo disse...

Caro psiubest,

A citação é feita por mim (se estivesse atento ao texto que escrevi, e que depois comentou, sabia disso).

Eu não só acho, como sei, tenho a certeza, de que este problema existe. Tenho familiares e amigos próximos de várias idades, que andam em primárias, ciclos, liceus.

As situações que conheço são estas. Tenho inclusivamente uma familiar, que teve de ir à escola pedir que lhe chumbassem o filho (que ia passar depois do conselho de turma lhe perdoar 4 negativas).

Mas também associações de pais e professores, já vieram a público dizer isto mesmo.

Toda a gente já teve conhecimento ou ouviu dizer, que de há uns anos para cá, um aluno passa sempre até ao 9º ano. Se tiver 4, 5, ou 6 negativas, perdoa-se-lhe 1, 2 ou 3 e ele passa.

Uma vergonha. Quem vai sofrer com isto são eles próprios quando forem crescidos, e consequentemente o país.

pedro oliveira disse...

Sou apologista,diria somos, mas as minhas preocupações são as tuas e mais, se no litoral temos ,ainda que insuficiente, uma boa oferta de cursos profissionais que podem servir para formar os jovens numa profissão com equivalência ao 12 º ano, eu pergunto-me o que vai acontecer aos jovens do interior,leia-se a 60-70 kms da costa, em que essa oferta é muito limitada?Se temos gente com 15 anos no 5º, agora, não estou a inventar, quando chegarem ao 12º ano, vão directos para a reforma, agora estou a "reinar",mas temo que esta medida seja para a estatistica e que sirva para chegarem ao 12º a saber o mesmo que sabem agora no 9º,ou seja,pouco mais que ler a playboy e fazer contas no telemovel.

beijokense disse...

O antigo serviço militar obrigatório vai ser substituido pelo serviço escolar obrigatório.

Há duas diferenças fundamentais entre estes serviços compulsivos:
1. O militar era mais barato e produzia melhores resultados de aprendizagem.
2. No militar a instituição fornecia as armas; no escolar, cada um tem de as levar de casa.