"É preciso o Ministério Público andar tão traumatizado com os seus falhanços nos processos mediáticos, para a senhora procuradora vir a público legitimar a ideia de que não há motivos para suspeitas sobre José Sócrates, dizendo mesmo compreender a reacção de vitimização do primeiro-ministro.
Aquilo que se sabe sobre o licenciamento do Freeport não tranquiliza ninguém. Há declarações contraditórias e falsas do primeiro-ministro, dois actos anormalmente urgentes praticados por um Governo de gestão (a declaração de impacto ambiental e a alteração à ZPE do Tejo), uma carta rogatória da polícia inglesa que o identifica "sob investigação", afirmações comprometedoras de um familiar que afirma ter agido como intermediário entre Sócrates e os promotores do Freeport [...]Não nos diga, Senhora Procuradora, que a culpa é nossa por exigirmos o esclarecimento.
Eu quero lá saber se José Sócrates é um bom ou mau primeiro-ministro, se estamos em ano de eleições, se há jornais que não gostam dele. O que eu quero saber [...] é se o PM de Portugal usou ou não o seu poder [...] para facilitar, por intermédio de um familiar e a troco de quaisquer contrapartidas, o licenciamento do Freeport.
Eu lamento, mas a procuradora Cândida Almeida não pode vir dizer que o tio de Sócrates é suspeito de ter recebido dinheiro para "influenciar o decisor", mas já que sobre o "decisor" não recaem suspeitas nenhumas. Não pode vir dizer que negou uma investigação conjunta com a polícia inglesa porque "os sistemas jurídicos são diferentes", quando é precisamente nestes casos de criminalidade transnacional que a cooperação entre polícias se impõe."
1 comentário:
Parece que em Portugal as pessoas gostam de areia nos olhos...
Não haverá amor à verdade?! Será que ninguém diz as coisas como elas são?!
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