21 janeiro 2009

Obama super-homem?

Não tenho escrito nada, pelo menos aqui, sobre as eleições nos EUA e sobre o seu novo presidente. Mas agora que ele tomou posse e vai começar a trabalhar, apraz-me dizer algo.

Por mais que muita gente pense Obama não vai, com um passe de mágica, acabar com a guerra no Iraque, resolver o conflito israelo-palestiniano, fechar guantanamo ou tirar os EUA da crise financeira. Obama não é nenhum super-homem.

Como diz muito bem, o José Gomes André no blogue Delito de Opinião "Há muita gente que ainda não percebeu o que quer dizer Obama com 'esperança'. Não se trata de aguardar por soluções messiânicas, mas sim de apelar ao engenho e ao espírito de luta americanos – que nos momentos mais difíceis ergueram uma e outra vez os Estados Unidos."

Ora isto serve também para nós, portugueses e europeus. Não estejamos á espera de messias ou de políticos mágicos para nos tirar desta crise profunda. Vamos também pegar na nossa força de vontade e na nossa capacidade de improvisar, para saírmos desta situação.

11 comentários:

CS disse...

Caro amigo,

Eu concordo consigo e com o JGA. Em todo em caso, há agentes decisores de política económica. E estes têm responsabilidade pelas decisões que tomam. Há um compromisso sério de Obama com duas ideias: regulação e um pacote de despesa pública de perto de 12 zeros. Ambas me parecem necessárias, mas a segunda poderia ser mais barata se fosse combinada com outras vias como sugiro em
http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/01/e-agora-obama-o-policy-mix-de-krugman.html

Não tome isto como liberalismo da minha parte. Antes é a percepção de que a dívida pública é sempre um peso sobre as gerações futuras: e neste caso por erros cometidos pela geração presente. Nesse sentido deixo a dúvida se não valia a pena considerar a proposta mais em detalhe. Em todo o caso, o livro que escrevi a respeito é meramente reflexivo: apresenta as vias possíveis e caberá a cada um tomar a que entender melhor.

Abraço,
CS

Luis Melo disse...

Caro Carlos Santos,

Concordo com a questão que coloca. Obviamente que Obama terá um papel fundamental na alteração deste cenário. Mas também o tería Bush ou outro qualquer.

O que pretendo dizer no meu post é simplesmente isto: não tenhamos ilusões que Obama - qual Houdini - fará desaparecer todo o mal deste mundo, de um momento para o outro.

E mesmo tomando as medidas que prometeu, não é liquido que o cenário mude a curto prazo.

Espero voltar a vê-lo por cá. Abraço

Anónimo disse...

As esperanças desmedidas conduzem a desilusões profundas.
Sejamos coerentes e tenhamos os pés na terra. Obama tem boa vontade, inteligência e capacidade, mas não é um Santo Milagreiro que tudo muda de um dia para o outro. Aliás nem vai ser ele a fazer a mudança, mas sim o povo americano através da força e motivação que ele transmite! Um líder não faz tudo, simplesmente mostra o caminho a seguir pelos outros.
E é por isto que por cá não abundam os líderes e o povo anda todo à deriva...

Ricardo Rocha disse...

Caro Luís

É claro que Obama não vai ser o santo milagreiro que muitos esperam. Certamente que irá resolver muitos problemas que a administração Bush criou.
Foi uma guerra desnecessária contra o Iraque, que só valeu pela queda do ditador Sadam.
Foi o aumento da pobreza e o aumento das desigualdades sociais nos USA.
O facto da economia mundial estar no estado em que está, tabém tem a mãozinha de Bush,pois criou condições para que a economia andasse em roda livre sem controlo. O resultado está à vista.
Na minha opinião pessoal, será com Obama que os USA poderão ganhar novamente o respeito que perderam com os governos de Bush.
Para todos aqueles que viram a sua forma de vida piorar nos ultimos anos, este presidente será uma réstia de esperança. E nada melhor para que um país avance, é as pessoas acreditarem e terem esperança.
É aquilo que falta aos portugueses.

Luis Melo disse...

Caro AP,

Exactamente isso: Um líder não faz tudo, simplesmente mostra o caminho a seguir pelos outros

Caro Ricardo,

A guerra no Iraque só valeu pela queda do ditador Sadam e não foi pouco. Saddam era um ditador que matava às centenas de milhares com armas biológicas, só pq eram de outra etnia.

Já quanto a nada melhor para que um país avance, é as pessoas acreditarem e terem esperança, eu acho que o essencial mesmo é que trabalhem e se esforcem. A mesagem de esperança serve apenas para dar algum alento.

Anónimo disse...

Só uma correcção ao Sr. Ricardo Rocha: a crise terá quanto muito um "dedinho" de Bush, porque a mão é toda de Clinton. E já agora de Greenspan.
Foram eles os grandes incentivadores ao crédito de alto risco pela classe média.

Ricardo Rocha disse...

Caro Luís

A queda do ditador,foi positiva, mas veja o que se passa todos os dias no Iraque. Pergunte aos Iraquianos se eles preferiam o antes (ditadura)ou o agora (democracia???).
De certeza que mandariam a democracia ás urtigas.



Caro AP

Clinton deixou um superavit fabuloso que Bush desbaratou em favor dos negócios dos amigos e dos lobis que o elegeram.
Foram as políticas financeiras sem control (tal como cá) que criaram o ambiente que hoje existe.
Alíás não sei se é do seu conhecimento que Ronald Regan disse durante a campanha que o elegeu que o governo não era solução para a economia mas sim o problema.

Cumprimentos

Luis Melo disse...

Caro Ricardo,

O que se passa no Iraque com os atentados regulares, é responsabilidade dos mesmos terroristas da al-qaeda. Directa ou indirectamente. É aquela luta típica contra os "infieis".

Se estes atrasados mentais destes terroristas não estivessem no Iraque a fazer estas atrocidades, nada seria como é.

Mas mesmo assim, é bem melhor do que anteriormente. Quando o país pertencia a um único homem, que mandava matar em série, só pq lhe apetecia.

Anónimo disse...

Ricardo,
Tem razão.
Mas esse superavit não era de todo real, tal como Greenspan já admitiu, ao assumir que confiou demasiado na mão invisível que regularia o mercado. Foram anos em que se ganhou imenso dinheiro, mas como Krugman provou não era um modelo sustentável.
Foi Clinton que criou a bolha do Sub-prime, incentivando a classe média a comprar o que não devia, deixando assim uma herança pesadíssima a Bush, que se limitou a fazer o pouco que podia.
E é verdade, o governo é muitas vezes o problema para a economia e não a solução. Se interfere demais é totalitário, se não interfere é liberal. Haja então equilíbrio.

Ricardo Rocha disse...

Caro Ap

O superavit não era real?
Não brinque comigo!
Clinton criou a bolha? do subprime e Bush o que fez durante os oito anos seguintes? Como você diz, "Foram anos em que se ganhou imenso dinheiro,"
E como tal, Bush e os amigos continuaram a deixar encher a bolha. Havia muitos milhares de milhões em jogo.
É muito lindo quando são os outros a cometer as argoladas. Quando são aqueles de quem simpatizamos, a culpa é dos outros.
PASSARAM OITO ANOS E A ADMINISTRAÇÃO BUSH CONTINUOU A DEIXAR AUMENTAR A BOLHA.
Conterteza que não quer imputar certas coisas que estão a acontecer no nosso país a outros governos que não ao de Sócrates, pois não?
cumprimentos

Anónimo disse...

Caro Ricardo,
Se dúvidas há sobre a responsabilidade dos democratas, principalmente Clinton, e de Greenspan no Sub-prime:

http://billporterusa.blogspot.com/2008/10/carter-clinton-subprime-crisis.html

http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1347333&idCanal=57

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1175621.html

O resultado do presente não é responsabilidade única do passado recente, mas sim de tudo o que está para trás. E eu não isento Bush de culpas, como é óbvio, mas apontem-se os verdadeiros culpados.
Eu não disse que o superavit não era real, disse que "não era de todo real", é diferente! Pois se assim não é onde andam os milhões de lucros de anos recentes? Onde estão os triliões de dólares que as companhias financeiras colocaram como títulos, indexados ás hipotecas, em bolsa?
A Engenharia Financeira é tramada:

http://www.nytimes.com/2009/01/19/opinion/19krugman.html

Cptos.