11 dezembro 2008

O português de esquerda

Pedro Lomba diz que a solução é aumentar os salários, eu não concordo. Os portugueses têm, de uma vez por todas, deixar de ser líricos. Nada no mundo é igual, tudo é diferente e por uma razão bem forte, o equilíbrio.

Tal como numa empresa, para a sociedade funcionar bem, tem que haver quem tenha mais poder e quem tenha menos. Tem que haver quem lidere e quem seja liderado.

Uma sociedade para ser saudável tem de ter ricos, classe-média e classe-baixa. Só assim obecede á lei principal deste planeta, o equilíbrio. Obviamente que ninguém quer que existam pobres, mas é uma infeliz inevitabilidade.

Há também outro problema nos portugueses, a inveja. A maioria que se diz de esquerda - por ser mal pago, tal como conclui Pedro Lomba - não quer ser rico como o outro, quer é ser ele rico e o outro pobre.

É mais ou menos assim:
Um americano está na paragem do BUS e vê um homem a passar de Ferrari. Ele pensa: "um dia também irei ter um Ferrari."
Um português está na paragem do BUS e vê um homem a passar de Ferrari. Ele pensa: "um dia também hás-de andar de autocarro."

11 comentários:

Ricardo Rocha disse...

Caro Luis
Eu concordo com muito daquilo que você diz. Só que em Portugal as coisas passam-se de forma diferente.
O sr, é do Vale do Ave e sabe tanto como eu que há alguns anos, esta era a zona do país onde havia mais Ferraris por Km2.
Enquanto os magnatas do textil se exibiam num Ferrari gastando o dinheiro que deveria ser investido em novos equipamentos, os seus operários tinham um salário de miséria e acabaram no desemprego por essas empresas falirem por não serem viáveis.
É claro que sempre terá de haver ricos e pobres. Alguns desses pobres é por falta de cabeça. Outros há que o são por serem explorados. Eu sei do que falo pois estive ligado ao ramo textil alguns anos.
Muito do investimento era feito em proveito próprio e não nas empresas.
Você pode-me dizer que o textil estava(ou está condenado). Isso é uma meia verdade. Quem investiu bem, está a trabalhar bem. O sr. é de Stº Tirso e deve conhecer bons exemplos como eu também conheço.

Sua citação
"Há também outro problema nos portugueses, a inveja. A maioria que se diz de esquerda - por ser mal pago, tal como conclui Pedro Lomba"

Eu considero-me um social democrata mas não é o PSD nem o PS que me enchem as medidas.
Se alguém (que é o meu caso) acha que a riqueza produzida pelas empresas deve ser mais bem distribuiba então eu sou de esquerda. Atenção eu a isso não chamo inveja. Este termo INVEJA é um termo muito querido à direita para justificar o desiquilibrio da balança. Não consigo admitir haver numa empresa onde um gestor ou administrador ganhe 20 30 40 ou mais vezes o salário mínimo praticado nessa empresa. Apesar do empresário ser o "dono da empresa", ele deve tambem ter responsabilidades sociais para com os seus funcionários. Muitas vezes, esse empresários(talvez seja melhor dizer patrôes) comportan-se como donos de uma coutada.

Luis Melo disse...

Caro Ricardo,

Temos de separar as águas:
Havia concerteza muitos industriais têxteis que gastavam o dinheiro em Ferraris. Dinheiro esse que vinha do estado ou da UE para investir na empresa, sem controlo. Eles compravam máquinas em 5ª ou 6ª mão em Itália, e depois com o resto do dinheiro compravam carros e casas.

Havia outros industriais que também compravam carros e casas com os lucros da empresa. Má gestão, sem dúvida, mais valia modernizar a empresa.

A diferença é que os 1ºs estavam a desbaratar dinheiro da UE ou do Estado, que lhes era atribuído pelos seus amigos do governo de Lisboa. Os 2ºs, bem ou mal, estavam a gastar do seu dinheiro, era legítimo.

Muitas empresas têxteis faliram no Vale do Ave, é certo. A maioria por causa das chinas, paquistões, etc. Não há maneira de concorrer com quem paga uma malga de arroz ao funcionário. Algumas faliram por má gestão. Poucas conseguiram manter a qualidade e crédito no mercado, reformular-se e mantiveram-se abertas.

Ricardo Rocha disse...

Caro Luis


Estou quase de acordo com com a sua explicação.
Em relação aos segundos, "Sua citação:Os 2ºs, bem ou mal, estavam a gastar do seu dinheiro, era legítimo." O dinheiro não era só deles. Era da empresa e as empresas tem responsabilidades social para com os seus funcionarios. É assim a social democracia.
Posso-lhe citar um exemplo bem próxiimo de si: A textil de Poldrães para não falar noutras.
Quanto à segunda parte do meu comentário à qual não mereceu referência da sua parte.
Lendo o artigo de Pedro Lomba no DN, a direita ou centro direita são os culpados de haver tanta gente de esquerda em Portugal.
As empresa e o capital em Portugal está nas mãos de gente de direita ou centro direita de um modo geral (sendo raras as excepções).
A gente de esquerda é ou classe média pobre ou muito pobre. Muitos sentem-se explorados pela classe que tem o poder (capital).
Logo, é obvio que quando sentem na pele voltam-se para o lado esquerdo.
Portugal é célebre em ranking´s de coisas negativas. Também na distribuição da riqueza produzida é o país onde a sua distribuição tem a menor percentagem . E o pior disto tudo, é que muito desse dinheiro não é para ser reenvestido.

Luis Melo disse...

Caro Ricardo,

Se os lucros da minha empresa são meus, faço com eles o que quiser. Se preferir gastá-lo com futilidades em vez de investir na empresa, estou no meu direito. Isso é má gestão e levarei a empresa á ruína. Mas aí também estou mal, deixo de ter a minha fonte de rendimento.

a direita ou centro direita são os culpados de haver tanta gente de esquerda em Portugal.
O Pedro Lomba justifica bem isso... está muito bem explicado por ele.

Ricardo Rocha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo Rocha disse...

Claro que os lucros das empresas são dos empresários. É preciso ver como foram conseguidos. Algum desse lucro foi conseguido por meios fraudulentos. Por vezes ROUBADO aos funcionários ou os funcionários não foram remunerados com justiça. Não é esta a essencia da social democracia.
Aqueles que arruinaram as suas empresas não são aqueles que estão com a chapéu à porta das igrejas a pedir esmola. Afinal para que foram criados os paraísos fiscais?

Observant disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luis Melo disse...

Caro Ricardo,

Isso é uma visão muito redutora.
Não pode tomar a parte pelo todo.
Quem faz isso são os extremistas.

Ricardo Rocha disse...

Caro Luis
Você está numa zona muito deprimida, mas ao mesmo tempo é uma zona onde se vive da ostentação e onde existem muitas meninos que nas escolas auferem de todos os subsidios do estado, e os papás são "empresários" têm carros luxuosos mas auferem unicamente o salário minimo nacional. Claro que o gato anda escondido com o rabo de fora. Se lhes perguntar em que partido votam, ou CDS ou PSD. Os resultados das todas as eleições estão aí a confirmar.
Claro que o fisco não tem mãos para tudo . E todos nós que sabemos destas manigancias somos uns cobardes que estamos a pagar impostos para que estes figurões vivam com todas as mordomias.
Não há em Portugal a cultura de denunciar este tipo de maningancias. No final topdos os que pagamos, pagamos para esses senhores

Ricardo Rocha disse...

Caro Luis,
Ao fazer os meus comentários anteriores, alguns deles foram feitos seguindo o seu post e só posteriormente socorrendo-me do artigo do Pedro Lomba mas lido na diagonal. Depois de o reler mais detalhadamente,tirei de lá uns enxertos muito interessantes que também foram lidos na diagonal por si ou não chegaram a merecer o seu "interesse".
Ora cã vão:


"As convicções políticas de quase todos nós dependem de sermos bem ou mal pagos. O leitor que faça um esforço: quantas pessoas bem pagas conhece a dizerem que são de esquerda, ou que votam à esquerda? Eu conheço muito poucas. As que conheço enfio-as em três excepções: os bem-pensantes, os "intelectuais" e os que nunca se libertaram do trauma de terem passado um dia pela experiência de ser mal pagos.
Porquê? Porque as pessoas bem pagas adquirem um interesse egoísta, um poder que só o dinheiro confere, uma resistência natural em partilharem o que têm. As pessoas mal pagas, pelo contrário, aspiram a esse interesse, a esse estatuto, a essa resistência. Um filósofo americano (marxista), G.A. Cohen, tem um livro chamado: Se Acreditas na Igualdade, Porque É que És tão Rico? Boa pergunta. Mas é fácil: os ricos que acreditam na igualdade, estão enganados.

Muito do confronto esquerda-direita na política é na verdade entre pessoas mal pagas e bem pagas. Não é uma luta por mais ou por menos igualdade. Ninguém quer ser igual a ninguém. Mas todos queremos ser bem pagos.

Esta truncagem tem muito que se lhe diga. Desvirtua muito o seu post, meu caro.
Cumprimentos.

Ricardo Rocha disse...

Caro Luis,
Ao fazer os meus comentários anteriores, alguns deles foram feitos seguindo o seu post e só posteriormente socorrendo-me do artigo do Pedro Lomba mas lido na diagonal. Depois de o reler mais detalhadamente,tirei de lá uns enxertos muito interessantes que também foram lidos na diagonal por si ou não chegaram a merecer o seu "interesse".
Ora cã vão:


"As convicções políticas de quase todos nós dependem de sermos bem ou mal pagos. O leitor que faça um esforço: quantas pessoas bem pagas conhece a dizerem que são de esquerda, ou que votam à esquerda? Eu conheço muito poucas. As que conheço enfio-as em três excepções: os bem-pensantes, os "intelectuais" e os que nunca se libertaram do trauma de terem passado um dia pela experiência de ser mal pagos.
Porquê? Porque as pessoas bem pagas adquirem um interesse egoísta, um poder que só o dinheiro confere, uma resistência natural em partilharem o que têm. As pessoas mal pagas, pelo contrário, aspiram a esse interesse, a esse estatuto, a essa resistência. Um filósofo americano (marxista), G.A. Cohen, tem um livro chamado: Se Acreditas na Igualdade, Porque É que És tão Rico? Boa pergunta. Mas é fácil: os ricos que acreditam na igualdade, estão enganados.

Muito do confronto esquerda-direita na política é na verdade entre pessoas mal pagas e bem pagas. Não é uma luta por mais ou por menos igualdade. Ninguém quer ser igual a ninguém. Mas todos queremos ser bem pagos.

Esta truncagem tem muito que se lhe diga. Desvirtua muito o seu post, meu caro.
Cumprimentos.